- ALEIJADINHO

Aleijadinho (1738-1814) foi escultor, entalhador e arquiteto colonial. "Os Doze Profetas", entalhados em pedra-sabão, para o terraço do "Santuário de Bom Jesus de Matozinhos", em Congonhas do Campo; os "Sete Cristos", para as seis "Capelas dos Passos"; a "Capela de São Francisco de Assis em Vila Rica", são testemunho do desenvolvimento artístico de Minas Gerais, no século do ouro. Suas obras estão espalhadas pelas cidades de Ouro Preto (antiga Vila Rica), Tiradentes, São João del-Rei, Mariana, Sabará, Morro Grande e Congonhas do Campo.

Aleijadinho (1738-1814) nasceu em Vila Rica, hoje Ouro Preto, Minas Gerais, em 1738. Filho do português Manuel Francisco Lisboa, mestre de carpintaria, que chegou a Minas Gerais em 1723, e de sua escrava Isabel. Estudou as primeira letras, latim e música, com os padres de Vila Rica. Teve como mestre nas artes, os portugueses João Gomes Batista e Francisco Xavier de Brito. Aprendeu a esculpir e entalhar ainda criança, observando o trabalho de seu pai que esculpiu em madeira uma grande variedade de imagens religiosas, e de seu tio Antônio Francisco Pombal, importante entalhador de Vila Rica.

Em Minas gerais, na primeira metade do século XVIII, as construções religiosas eram só de igrejas paroquianas. Para evitar o contrabando de ouro o governo impôs que só permanecessem na capitania, os padres que realmente prestavam assistência aos paroquianos. Muitos padres que não justificaram sua permanência na região da mineração, se juntaram e criaram as confrarias e irmandades, contribuindo para grande número de construções religiosas.

A medida que a situação econômica melhorava, graças ao ouro, na segunda metade do século XVIII, surgiram as ricas construções em pedra e alvenaria. Foi nessa época que Aleijadinho desenvolveu suas atividades de escultor e projetista. Com seu estilo barroco e rococó, suas talhas, sua obra em relevo e suas estátuas, que estão presentes em construções religiosas de várias cidades mineiras, foi chamado de "Michelangelo tropical", pelo biógrafo francês, Germain Bazin.

Uma de suas obras mais famosas é o "Santuário de Bom Jesus de Matosinhos", em Congonhas do Campo, iniciado em 1758. A planta imita o Santuário de Bom Jesus de Braga, em Portugal. Na frente existe um terraço ornado por doze estátuas de profetas. O terraço conduz a uma rampa ladeada de sete "Capelas dos Passos" onde estão representadas por 66 imagens, em cedro e em tamanho natural, as cenas da Paixão de Cristo. A "Ordem Terceira de São Francisco de Assis da Penitência", em Ouro Preto, é outra obra-prima. Iniciada em 1776 e concluída em 1794.

Aleijadinho com seu estilo inconfundível, traçava a planta a ser construída e supervisionava a construção. Terminada a obra, fazia os trabalhos de acabamento, dava seu toque aos frontispícios, às portas, imagens e púlpitos.

Mesmo sofrendo vários preconceitos pela sua condição de mestiço, sua genialidade acabou por consagrá-lo como escultor e projetista admirável. O maior gênio na arte colonial no Brasil. Em 1777, no auge de sua fama, surgiram os primeiros sinais da Lepra ou da sífilis, não se sabe ao certo, doença que o debilitou mas não interrompeu suas atividades. Um ajudante o levava para toda parte e atava-lhe às mãos o cinzel e o martelo e a régua.

Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, morreu no dia 18 de novembro de 1814, e seu corpo foi sepultado na Matriz de Antônio Dias, junto ao altar da Confraria de Nossa Senhora da Boa Morte.

-BENTO TEIXEIRA

Bento Teixeira (1561-1600). Escreveu o clássico "Prosopopéia", épico considerado um dos maiores clássicos da literatura brasileira.

Bento Teixeira nasceu em Porto, mas existem relatos que ele pode ter nascido em Recife. O que há de certeza é que ainda criança, mudou-se para o Brasil. Seus pais eram cristãos-novos.

Bento Teixeira estudou no colégio da Bahia dirigido por jesuítas, no qual trabalhou como professor depois de formado.

Em 1589, casou-se com Filipa Rosa, em Ilhéus. Dedicou-se a trabalhar no ramo do comércio, da advocacia e magistério. Bento Teixeira foi acusado de mau cristão e passou a ser perseguido pela santa inquisição, denúncia feita pela sua própria esposa, que o traiu com outro homem. Porém, foi absolvido pelo ouvidor da vara eclesiástica. Em 1594, matou a esposa e refugiou-se no mosteiro de São Bento, em Olinda. Em 1595, foi preso em levado para Lisboa, onde admitiu práticas judaicas.

Foi na cadeia, em Portugal que Bento Teixeira escreveu sua obra "Prosopopéia", em que celebrou o segundo donatário da capitania de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho. "Prosopopéia" seguiu o estilo de Camões, porém, foi importante pelo seu caráter épico e por representar os primeiros tempos da colonização brasileira.

Bento Teixeira morreu na prisão, em Lisboa.

-FRANCESCO BORROMINI

Arquiteto e escultor italiano, Francesco Castelli, mais conhecido por Francesco Borromini, nasceu em 1599, em Bissone, na Lombardia, e morreu a 2 de setembro de 1667, em Roma. Por volta de 1610 foi para Milão aprender o ofício de talhar a pedra e, em 1620, mudou-se para Roma onde se torna um dos artesãos de Carlo Maderna (1556-1629), o mais importante arquiteto italiano na época, colaborando nos trabalhos da Catedral de S. Pedro e no Palácio Barberini.Com a morte de Maderna, em 1926, passa a trabalhar com Giovanni Bernini (1598-1680) que fora nomeado arquiteto oficial de S. Pedro em sua substituição, e participa na execução do Baldaquino sobre o túmulo de S. Pedro. Em 1633, Borromini começa a trabalhar como arquiteto por conta própria, iniciando uma contenda com Bernini que duraria até ao fim dos seus dias. A sua primeira grande encomenda, e uma das suas obras primas, foi a igreja de S. Carlo alle Quattrofontane (1638-41) onde expressa o seu estilo pessoal e que foi criticada por Bernini que o acusa de subverter as regras da arquitetura clássica e as proporções arquitetónicas baseadas no corpo humano, que ele entende serem sagradas por este ser feito à imagem de Deus.De facto Borromini, que é um grande conhecedor da arquitetura clássica, reivindica o direito de interpretar livremente os motivos herdados da grande arquitetura romana recusando o que ele considera ser uma mera cópia desses monumentos.
Esta atitude, que representa o pensamento barroco, foi largamente seguida pelas gerações vindouras e o seu exemplo espalhou-se por toda a Europa.
Borromini era uma pessoa perturbada, morreu com um ferimento que infligiu a si próprio, deprimido por a sua obra não ser devidamente reconhecida pelos seus contemporâneos.

-BERNINI

Arquitecto, escultor e pintor italiano. Recebe as primeiras lições artísticas do seu pai, escultor medíocre. É artista de maturidade precoce, pois com apenas vinte e um anos executa a sua escultura de David Matando Golias. Protegido pelos papas Urbano VIII e Alexandre VII, leva a cabo um grande trabalho artístico em Roma, em plena época do fervor da Contra-Reforma. Insistentemente convidado pelo rei de França, Luís XIV, apresenta-se em Paris, onde colabora no projecto do Louvre. A sua notoriedade como arquitecto e escultor faz com que se esqueça o seu trabalho como pintor, para o qual está notavelmente dotado (Martírio de S. Maurício, diversos retratos de Urbano VIII, etc.).

Em Bernini dá-se o caso curioso de, sendo a escultura a sua mais profunda paixão, trazer para a arquitectura novidades revolucionárias que se impõem e se espalham. Constrói a Igreja de Santo André do Quirinal (Roma), de planta ovalada, e acrescenta-lhe uma cúpula com figuras escultóricas no interior, procurando assim uma integração da escultura e da arquitectura. A Cátedra de S. Pedro de Roma reúne em si, pela primeira vez, várias características típicas do barroco. Trata-se de um oratório de bronze que cobre o altar; está sustentado por quatro colunas salomónicas (talhadas em espiral). Os Palácios Odescalchi e Barberini reúnem os traços essenciais do palácio barroco.

A grande obra arquitectónica de Bernini é a colunata da Praça de S. Pedro do Vaticano. A monumental basílica necessita de um padrão adequado para a recepção das peregrinações. Bernini concebe duas colunatas gigantescas que avançam para os fiéis, abraçando-os e conduzindo-os para o templo. A altura variável das colunas realça a perspectiva da cúpula de Miguel Ângelo e confere ao conjunto uma formosa ordem teatral.

Gian Lorenzo Bernini é, além de arquitecto, o principal escultor do barroco italiano. O seu trabalho inovador abarca os principais campos escultóricos do momento: o religioso, o mitológico e o sepulcral. Em todos eles aplica os caracteres do novo estilo: movimento e agitação, formas amplas, efeitos teatrais e expressão exagerada do sentimento. Do ponto de vista técnico não segue a norma renascentista de lavrar as suas peças num só bloco de mármore, mas separa-as em vários blocos que aparelha de seguida. Da sua primeira época são Apolo e Dafne e o David já citado. Diferentemente de Miguel Ângelo, que representa David de pé e concentrado, com o olhar cravado no adversário, Bernini modela o personagem em atitude violenta, no momento do lançamento da pedra. Os seus monumentos sepulcrais, de concepção alegórica e de efeito imediato, apresentam um desenvolvimento pleno do espírito da plástica barroca. Os mais notáveis são os dos papas Urbano VIII e Alexandre VII. É também autor do Baldaquino e da Cátedra de S. Pedro do Vaticano, assim como da estátua equestre de Constantino. O seu busto de Luís XIV é um modelo muito copiado pelos escultores franceses de finais do século xvii.

Mas a sua obra mais famosa, que representa o arquétipo do barroquismo escultórico, é o Êxtase de Santa Teresa. Esta obra, embora concebida como um quadro, não é desenvolvida em forma de relevo, mas de volume redondo. A santa, suspensa no espaço sobre um trono de nuvens, apresenta as roupagens volumosas e com grandes pregueados barrocos, de modo que a forma corporal não é translúcida. O seu rosto enlevado, transido de amor divino, tem os olhos fechados e a boca entreaberta, enquanto o rosto do anjo que lhe lança o dardo do amor de Deus está transbordante de vida e de alegria.